sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
O MUNDO DE REGENERAÇÃO QUE VIRÁ...
Estamos vivendo a transição do mundo atual (prova e expiações) para o mundo de regeneração.
O que é este mundo de regeneração?
1 – Como poderíamos definir a diferença entre Mundo de Provas e Expiações, estágio atual da Terra, e Mundo de Regeneração, o próximo estágio?
Mal comparando, diríamos que nos Mundos de Provas e Expiações o egoísmo predominante, resquício da animalidade primitiva, é o elemento gerador de todos os males. No Mundo de Regeneração, consciências despertas para esse problema estarão empenhadas em superá-lo.
2 – Então no Mundo de Regeneração ainda prevalece o mal?
Prevalece a consciência de que é preciso vencê-lo com o empenho do Bem. Equivale a dizer que o mal nesses planetas não tem receptividade nos corações e tende a desaparecer.
3 – Fala-se que a promoção de nosso planeta para Mundo de Regeneração ocorrerá neste milênio, provavelmente nos próximos séculos. Não estamos diante de um otimismo ingênuo, considerando os graves problemas humanos, envolvendo crimes, guerras, vícios, violência urbana, terrorismo, a evidenciar que a maldade ainda impera?
Há muita gente envolvida com o mal, por ignorância. Estes serão renovados no desdobramento de suas experiências, particularmente com a mestra dor, em reencarnações regeneradoras. O problema está naqueles que constituem uma minoria barulhenta, com o mal entranhado em seus corações. Esses serão expurgados, quando chegar a hora.
4 – Tipo Bin Laden?
Sim, todos aqueles que se comprazem com a violência, o vício, o crime, sem a mínima sensibilidade em relação aos males que causam, aos sofrimentos que impõem aos seus irmãos.
5 – Para onde irão os Espíritos degredados?
Provavelmente para Mundos Primitivos, em posição inferior à Terra, conforme a escala apresentada por Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo.
6 – Isso não contraria o princípio doutrinário de que o Espírito pode estacionar, mas jamais retrograda?
Um homem civilizado condenado a viver entre aborígines não sofre nenhuma perda em relação à sua inteligência, cultura e conhecimentos, que, inclusive lhe serão úteis na nova situação, embora as limitações a que estará sujeito. O mesmo acontece com o Espírito degredado em planeta inferior.
7 – Não irá um Espírito intelectualmente evoluído, mas moralmente atrasado, causar embaraços aos habitantes desse mundo?
Não tanto quanto os benefícios que essa convivência ensejará. Os degredados estarão mais ou menos no mesmo estágio moral, mas superiores no estágio intelectual, favorecendo o progresso de seus hospedeiros, em cujo seio reencarnarão.
8 – E ficarão para sempre por lá?
Segundo Emmanuel, somos todos tutelados do Cristo, o governador espiritual de nosso planeta, compondo uma imensa família, de perto de vinte e cinco bilhões de Espíritos. Natural, portanto, que após superarem sua rebeldia e resgatarem seus débitos, ajustando-se às leis divinas, retornem os degredados ao convívio humano, o que poderá demandar milênios, mas forçosamente acontecerá. Como ensina Jesus, das ovelhas confiadas por Deus aos seus cuidados, nenhuma se perderá.
Richard Simonetti
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
Chico Xavier e o apocalipse moderno
WILSON GARCIA
Publicado em 26 de janeiro de 2017
A
profecia da data-limite atribuída ao famoso médium sepulta o bom-senso que
ornava a personalidade de Allan Kardec.
Há muito tempo que amigos querem me
envolver nas previsões atribuídas a Chico Xavier sobre uma espécie de fim de
mundo estabelecido para daqui a pouco. Perguntam-me constante e veementemente
se aceito tais previsões e, com certo afoitismo, que revela o desejo de obter
minha aprovação, saem a fazer palestras e seminários para disseminar a dita
profecia, quando não reproduzem o texto numa ansiedade irracional. Na verdade,
criam uma situação alarmante sob a aparência de um chamamento moral, imaginando
que dessa forma ajudam a estabelecer uma consciência de transformação moral
urgente como meio de salvar a Pátria do Evangelho e, por consequência, o mundo
inteiro. O homem habita a Terra há milhões de anos e os sonhadores de plantão
acham que podem dar um salto gigantesco, digno de uma olimpíada universal, em
poucos anos. A contar de 1969 seriam 50 anos, mas como já estamos em 2017, não
restam mais do que 2 anos. Por isso, grassa a ilusão do temor que amortece o
bom-senso, colocando em seu lugar uma impossível chegada ao Olimpo espiritual
nos primeiros lugares da corrida.
Temos
três personagens centrais nessa trama: Chico Xavier, reproduzido pela mente de
Geraldinho Lemos Neto, e Marlene Nobre, mais uma vez ela, a quase patrona da
frágil tese da reencarnação de Kardec como Chico. Este nada disse por si de
modo público, uma vez que não publicou em entrevistas ou livros quaisquer
comentários sobre uma certa previsão para o ano de 2019. Geraldinho é a fonte
de tal proeza e Marlene, antes de sua partida do plano terráqueo, aquela que
deu à luz a palavra de Geraldinho, tudo isso há cerca de seis anos atrás, ou
seja, em 2011. Marlene sempre deu mostras de sua atração pelo mistério, mas
depois que abriu as portas da Folha Espírita para difundir a insustentável tese
de Chico-Kardec passou a tratar todos os dados sobre Chico como dignos de
publicação sensacionalista e “prova” da referida tese. Já Geraldinho saiu fortalecido
com a partida de Marlene para o mundo invisível e passou a ocupar o centro das
atenções quando se trata da dita profecia de Chico Xavier. Virou um superstar,
o portador e o intérprete da mensagem, ocupando assim o mundo das
representações imagéticas, rodeado de atores coadjuvantes que escancaram seus
dentes para agradar e fazer eco nas plateias ávidas de novidades, aquelas
plateias sempre prontas a acolher os espetáculos de destruição e morte. Em seu
site, Geraldinho comemora com estardalhaço os 3 milhões de visualizações pelo
YouTube do vídeo de mais de uma hora feito com o requinte das grandes produções
e hipnotiza as plateias pouco lúcidas. Veja neste endereço: http://www.vinhadeluz.com.br/site/noticia.php?id=2587 .
Quem
ler a entrevista de Geraldinho Lemos Neto – note-se, ferrenho defensor da tese
Chico-Kardec – com um mínimo de bom-senso descartiniano há
de ficar pasmo com as informações ali apresentadas. Ela está neste endereço: https://osegredo.com.br/2015/04/a-profecia-de-chico-xavier-para-2019-para-ler-reler-refletir-e-meditar/ .
Ao fazê-la e publicá-la com tal destaque, Marlene mostrou que já não estava
mais no domínio da parte mais valiosa do bom-senso que lhe restava. Parece que
se agitava dentro dela aquele estranho prazer pelo maravilhoso, principalmente
tendo por centro Chico Xavier, o mesmo prazer que se encontra na base daqueles
que saem publicando ou falando em palestras nos centros espíritas do Brasil
afora sobre a suposta profecia, certamente cumprindo à risca o dito popular que
afirma: “quem conta um conto aumenta um ponto”, pois é preciso traçar a
previsão com as cores fortes do desastre iminente. A vida sem um pouco de
ficção acaba sendo dura demais para todos. E neste tipo de ficção o ingrediente
mais eficiente e de efeito duradouro é sem dúvida o suspense. Os espectadores
da data-limite aguardam ansiosos pelo ano de 2019. Os do lado de cá do
continente americano se assentam na crença de estar a salvo dos tsunamis
iminentes, mas não tão tranquilos devem estar os do continente europeu, afinal
são para eles as piores previsões. A menos que um grande salto de qualidade
moral haja sido dado pela população terrena, a ponto de tornar desnecessários
os grandes desastres geológicos que levariam para o fundo do mar imensas quantidades
de terras e bilhões de seres, tornando-se assim efetiva uma outra espécie de
seleção natural.
Para entender a revelação da data
limite é preciso, em primeiro lugar, saber que ela não surge diretamente da
boca de Chico Xavier, mas vem pelas palavras de Geraldinho, que as apresenta
tempos após a morte do corpo físico do médium mineiro, ou seja, cerca de nove
anos depois. Com seu sorriso calibrado e sua voz macia, Geraldinho conta para
Marlene uma história comovente em que se faz portador da notícia profética, sem
entender porque logo ele, mas sentindo-se comprometido com o fato de que se
Chico a contou era porque se tratava de algo sério a ser passado adiante. Se
tão importante era, por que o próprio Chico não a tornou pública, há de se
perguntar? Enfim, todo o crédito está na palavra de Geraldinho, sendo ele o
fiador de tudo o que diz respeito à profecia.
Marlene acreditou em Geraldinho como
acreditaria em todo aquele que trouxesse quaisquer signos sonoros originais
atribuídos a Chico. Vivia no topo da montanha das crenças embaladas pela
revelação de que Chico e Kardec formaram um só corpo. Geraldinho era do seu
círculo, comungava com as ideias que ela defendia e trazia o frescor da
juventude, da renovação, enquanto que Marlene representava o passado e sabia-se
próxima do fim. Com o aval de Marlene a profecia adquiriu força e espalhou-se,
logo encontrando eco numa grande quantidade de pessoas que estão sempre à
espera dos sinais das lideranças para saírem reproduzindo sem maiores cuidados
a fumaça icônica do alto da montanha. São em grande parte seres dependentes dos
líderes, incapazes de decidirem por si mesmos, de pensarem sem a cabeça alheia.
Mas como diz Herculano Pires, aqueles que dependem de líderes para evoluírem
não estão preparados para o progresso. Dura realidade.
Se Geraldinho disse que Chico disse,
então Chico disse. Tempos depois veio um médium dizer que Chico não disse, mas
já era tarde. Geraldinho que, jovem, encaracolou-se no colo de Chico e recebeu
dele meigos afagos, agora anda e fala com o aval do Chico, a dividir com
aqueles que se irmanam nas mesmas crenças a primazia do mito, abrindo o fosso
que distancia dia a dia o homem do santo, para que apenas este prevaleça. A
notícia se espalhou de tal forma que em nenhum lugar se diz que a fonte é o
Geraldinho, pelo contrário, todas as manchetes remetem a Chico Xavier, pois
para todos foi ele, o médium famoso, que disse. Até mesmo Marlene Nobre, na
publicação de 2011, omite na manchete o nome de Geraldinho, pois diz:
“Revelações apontam que o futuro da Terra está nas mãos do homem”.
Seguiu-se a essa manchete a seguinte explicação: “Em razão da gravidade
do assunto, trazemos aos leitores da Folha Espírita a revelação feita
pelo mais importante médium da história humana, Francisco Cândido Xavier,
a Geraldo Lemos Neto, fundador da Casa de Chico Xavier, de Pedro Leopoldo
(MG), e da Vinha de Luz Editora, de Belo Horizonte (MG), em 1986, sobre o futuro
que está reservado ao planeta Terra e a todos os seus habitantes nos próximos
anos”. Ou seja, Marlene não coloca em dúvida em momento algum a palavra de
Geraldinho, antes, atribui-lhe o caráter de verdade revelada por Chico,
firmando assim a autoria como se feita diretamente pelo médium mineiro. Em
vista disso, hoje todos dizem que Chico disse. Há até mesmo um site na Internet
com a seguinte chamada: “2019, ano em que Chico Xavier será testado”. Ou seja,
todo o crédito agora é dado para o Geraldinho, mas o descrédito, quando vier,
será para o Chico. Geraldinho conseguiu o que queria, tornar-se o epicentro da
profecia sendo apenas o seu fiador insuspeito. Resta saber se vai ter a coragem
de assumir a derrocada “quando o carnaval chegar”, ele, que manteve silêncio
sobre uma previsão que entende de imensa gravidade, de 1986 até 2011, ou seja,
por 25 anos. Sem contar que a profecia diz respeito a um suposto período de 50
anos que começa em 1969 e termina em 2019, sendo que até 1986, quando lhe teria
sido revelada, já se haviam passado outros 17 anos. Restavam, então, apenas 8
anos para que a data-limite chegasse, sem que ninguém, absolutamente ninguém
dela tomasse conhecimento e o médium, o suposto autor, já havia partido em
direção ao invisível.
Mas o que é mesmo que Geraldinho
disse que Chico disse? Narra ele algo como uma reunião entre potestades
angélicas (assim mesmo, em estilo hiperfantástico) coordenada por Jesus, em que
os grandes espíritos demonstram preocupação com a Terra e seu atraso moral,
tendo o mestre resolvido contra a vontade de alguns dirigentes de outros
planetas do sistema solar, dar uma espécie de moratória à Terra, estendendo por
50 anos o prazo para que mudanças profundas ocorressem e, ante o
descontentamento de alguns, Jesus impôs que os homens teriam por obrigação
barrar a deflagração de uma III Guerra Mundial, caso contrário o planeta
passaria por terríveis conturbações geológicas, com terremotos, ondas gigantes,
erupção de vulcões e toda sorte de fenômenos telúricos, de modo a tornar
impossível a vida no Hemisfério Norte. Isso obrigaria a que os habitantes de lá
que se salvassem viessem para o Hemisfério Sul, numa espécie de tomada à força
do continente sul-americano. Entre as consequências estaria a divisão do Brasil
em quatro partes. Se, pelo contrário, o homem conseguisse manter a paz e
instalasse a fraternidade, o mundo entraria definitivamente na era da
Regeneração, sendo, então, permitido inúmeras conquistas imediatas, tais como a
extinção de todas as doenças, a convivência com extraterrestres de forma aberta
(que nos trariam inúmeras avanços com suas tecnologias de ponta), a relação
mais direta dos terráqueos com os espíritos dos familiares e amigos que
partiram e assim por diante. Só falta esclarecer se os animais já estariam
também mansos e pacíficos, como ingenuamente sonha certa parcela de seres humanos.
A crer nesta série de revelações
espetaculares, trazidas por alguém que não esconde ser há muito tempo um
admirador das grandes profecias, especialmente do Apocalipse de João, ter-se-á
de abandonar o bom-senso que tão bem ornou a personalidade de Allan Kardec e
ficar com informações que conflitam diretamente com a própria história da
humanidade. Kardec mesmo, tomado de sinceridade, chegou a escrever que as
transformações pelas quais a Terra haveria de passar estavam muito mais
relacionadas às mudanças morais do que às transformações geológicas de tipo
catastróficas. Qualquer análise que se faça da evolução humana dos últimos 50
anos mostrará que ela se tonou ínfima do ponto de vista dos avanços morais e
que o progresso aí jamais ocorrerá através de saltos, mas de experiências
contínuas de longo prazo. Assim, caso a III Guerra seja mesmo evitada, nada
provará que o avanço moral tenha colocado o ser humano em condições de viver
num mundo de fraternidade absoluta pós-2019, de respeito ao outro, de solidariedade
capaz de eliminar as diferenças sociais, as injustiças e coisas dessa ordem,
fundamentais para um equilíbrio sustentável.
Todos sabem que até 2019 e após 2019
a possibilidade de um terceiro conflito bélico mundial permanecerá rondando as
nações dos dois hemisférios e poderá ser deflagrado a qualquer momento. De que
maneira então será possível compreender essas promessas feitas por Jesus para
depois de 2019, onde teria início um mundo dos sonhos, tendo por atores os
mesmos seres egoístas do mundo em curso? Aliás, é importante que se diga que
uma III Guerra mundial já se encontra em andamento e apenas não foi como tal
reconhecida ainda. A julgar pelos inúmeros conflitos que ocorrem nas diferentes
partes do globo, com todo tipo de armas bélicas, não precisaríamos de um
conflito mundial aberto porque já estamos nele. Que país estará imune a esses
conflitos? Quem e quando porá fim aos embates entre diversos e diferentes
povos? Quem será capaz de impedir que os interesses externos continuem a
estimular tais conflitos, a fim de obter vantagens sectárias? Quem será capaz
de acabar de vez com as inúmeras lutas intestinas das várias nações do chamado
primeiro mundo? Quem colocará na sociedade brasileira a consciência para um
agir eficaz em favor da paz e da justiça, garantindo os direitos humanos para
todos em todos os quadrantes desta pátria que hoje não justifica sequer o
dístico de terra da fraternidade, quanto mais de Pátria do Evangelho. Nada
disso ocorrerá, ousamos dizer, sequer até 2119, porque se trata de conquistas
próprias da experiência humana, são coisas que não podem ser impostas, nem
determinadas de cima para baixo, nem obtidas por meio apenas de leis rigorosas,
menos ainda com prazos fixos. Todo estabelecimento de datas para que
transformações tão profundas ocorram será mero exercício matemático sem
quaisquer formas de garantia.
O apocalipse do Geraldinho é uma
encenação de mau gosto. Se o Chico sonhou em voz alta e o seu intérprete tomou
suas palavras como profecia, acabou por enredá-lo na trama de uma ficção
hiperfantástica, onde os personagens assumem papéis próprios da inventividade
humana, mas sem conexão com a realidade do mundo. É preciso lembrar que esses
enredos são a repetição de representações antigas onde o simbolismo prepondera
com mediana clareza, mas sem o caráter determinista que agora se lhe quer
atribuir. As velhas profecias eram dadas à interpretação humana, a da
data-limite é colocada como verdade definitiva, acabada, tudo em nome de um
homem agora ausente e em contraste com a lógica de uma doutrina extraordinária.
Publicado em Artigos, Espiritismo, Imprensa por wgarcia.
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domingo, 13 de março de 2016
O SUICIDA DO TREM
O suicida do trem
Eu nunca me esquecerei que um dia havia lido num jornal acerca de um suicídio terrível, que me impactou: um homem jogou-se sobre a linha férrea, sob os vagões da locomotiva e foi triturado. E o jornal, com todo o estardalhaço, contava a tragédia, dizendo que aquele era um pai de dez filhos, um operário modesto.
Aquilo me impressionou tanto que resolvi orar por esse homem. Tenho uma cadernetinha para anotar nomes de pessoas necessitadas. Eu vou orando por elas e, de vez em quando, digo: se este aqui já evoluiu, vou dar o seu lugar para outro; não posso fazer mais.
Assim, coloquei-lhe o nome na minha caderneta de preces especiais - as preces que faço pela madrugada. Da minha janela eu vejo uma estrela e acompanho o seu ciclo; então, fico orando, olhando para ela, conversando. Somos muito amigos, já faz muitos anos. Ela é paciente, sempre aparece no mesmo lugar e desaparece no outro.
Comecei a orar por esse homem desconhecido. Fazia a minha prece, intercedia, dava uma de advogado, e dizia: Meu Jesus, quem se mata (como dizia minha mãe) "não está com o juízo no lugar". Vai ver que ele nem quis se matar; foram as circunstâncias. Orava e pedia, dedicando-lhe mais de cinco minutos (e eu tenho uma fila bem grande), mas esse era especial.
Passaram-se quase quinze anos e eu orando por ele diariamente, onde quer que estivesse. Um dia, eu tive um problema que me fez sofrer muito. Nessa noite cheguei à janela para conversar com a minha estrela e não pude orar. Não estava em condições de interceder pelos outros.
Encontrava-me com uma grande vontade de chorar; mas, sou muito difícil de fazê-lo por fora, aprendi a chorar por dentro. Fico aflito, experimento a dor, e as lágrimas não saem. (Eu tenho uma grande inveja de quem chora aquelas lágrimas enormes, volumosas, que não consigo verter). Daí a pouco a emoção foi-me tomando e, quando me dei conta, chorava.
Nesse ínterim, entrou um Espírito e me perguntou: Por que você está chorando? Ah! Meu irmão - respondi - hoje estou com muita vontade de chorar, porque sofro um problema grave e, como não tenho a quem me queixar, porquanto eu vivo para consolar os outros, não lhes posso contar os meus sofrimentos. Além do mais, não tenho esse direito; aprendi a não reclamar e não me estou queixando.
O Espírito retrucou: Divaldo, e seu eu lhe pedir para que você não chore, o que é que você fará? Hoje nem me peça. Porque é o único dia que eu consegui fazê-lo. Deixe-me chorar! Não faça isto, pediu. Se você chorar eu também chorarei muito.
Mas por que você vai chorar? perguntei-lhe: Porque eu gosto muito de você. Eu amo muito a você e amo por amor. Como é natural, fiquei muito contente com o que ele me dizia.
Você me inspira muita ternura - prosseguiu - e o amo por gratidão. Há muitos anos eu me joguei embaixo das rodas de um trem. E não há como definir a sensação da eterna tragédia. Eu ouvia o trem apitar, via-o crescer ao meu encontro e sentia-lhe as rodas me triturando, sem terminar nunca e sem nunca morrer. Quando acabava de passar, quando eu ia respirar, escutava o apito e começava tudo outra vez, eternamente.
Até que um dia escutei alguém chamar pelo meu nome. Fê-lo com tanto amor, que aquilo me aliviou por um segundo, pois o sofrimento logo voltou. Mais tarde, novamente, ouvi alguém chamar por mim. Passei a ter interregnos em que alguém me chamava, eu conseguia respirar, para agüentar aquele morrer que nunca morria e não sei lhe dizer o tempo que passou.
Transcorreu muito tempo mesmo, até o momento em que deixei de ouvir o apito do trem, para escutar a pessoa que me chamava. Dei-me conta, então, que a morte não me matara e que alguém pedia a Deus por mim. Lembrei-me de Deus, de minha mãe, que já havia morrido. Comecei a refletir que eu não tinha o direito de ter feito aquilo, passei a ouvir alguém dizendo: "Ele não fez por mal. Ele não quis matar-se." Até que um dia esta força foi tão grande que me atraiu; aí eu vi você nesta janela, chamando por mim.
Eu perguntei - continuou o Espírito - quem é? Quem está pedindo a Deus por mim, com tanto carinho, com tanta misericórdia? Mamãe surgiu e esclareceu-me: “É uma alma que ora pelos desgraçados. Comovi-me, chorei muito e a partir daí passei a vir aqui, sempre que você me chamava pelo nome. (Note que eu nunca o vira, face às diferenças vibratórias.)
Quando adquiri a consciência total - prosseguiu ele - já se haviam passado mais de catorze anos. Lembrei-me de minha família e fui à minha casa. Encontrei a esposa blasfemando, injuriando-me:
"Aquele desgraçado desertou, reduzindo-nos à mais terrível miséria. A minha filha é hoje uma perdida, porque não teve comida e nem paz e foi-se vender para tê-los. Meu filho é um bandido, porque teve um pai egoísta, que se matou para não enfrentar a responsabilidade. Deixando-nos, ele nos reduziu a esse estado."
Senti-lhe o ódio terrível. Depois, fui atraído à minha filha, num destes lugares miseráveis, onde ela estava exposta como mercadoria. Fui visitar meu filho na cadeia.
Divaldo - falou-me emocionado - aí eu comecei a somar às "dores físicas" a dor moral, dos danos que o meu suicídio trouxe. Porque o suicida não responde só pelo gesto, pelo ato da autodestruição, mas, também, por toda uma onda de efeitos que decorrem do seu ato insensato, sendo tudo isto lançado a seu débito na lei de responsabilidades.
Além de você, mais ninguém orava, ninguém tinha dó de mim, só você, um estranho. Então hoje, que você está sofrendo, eu lhe venho pedir: em nome de todos nós, os infelizes, não sofra! Porque se você entristecer, o que será de nós, os que somos permanentemente tristes? Se você agora chora, que será de nós, que estamos aprendendo a sorrir com a sua alegria? Você não tem o direito de sofrer, pelo menos por nós, e por amor a nós, não sofra mais.
Aproximou-se, me deu um abraço, encostou a cabeça no meu ombro e chorou demoradamente. Doridamente, ele chorou. Igualmente emocionado, falei-lhe: Perdoe-me, mas eu não esperava comovê-lo.
São lágrimas de felicidade. Pela primeira vez, eu sou feliz, porque agora eu me posso reabilitar. Estou aprendendo a consolar alguém. E a primeira pessoa a quem eu consolo é você.
Livro: O Semeador de Estrelas, de Suely Caldas Schubert
PAZ, MUITA PAZ!
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Sueli Caldas Subert
sábado, 25 de julho de 2015
LABORATÓRIO DO MUNDO INVISÍVEL - CAP VIII
por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires
126. Dissemos que os Espíritos se
apresentam vestidos de túnicas, envoltos em panos flutuantes ou com as roupas
comuns. Os panos flutuantes parecem ser de uso geral no mundo os Espíritos. Mas
perguntam-se onde eles encontram roupas inteiramente semelhantes às que usavam
em vida, com todos os acessórios do traje. É evidente que não levaram esses
objetos com eles, pois que ainda se encontram conosco. De onde provém então o
que eles usam no outro mundo?
Esta questão era bastante intrigante,
mas para muitas pessoas não passava de simples curiosidade. Não obstante,
implicava um problema de grande importância, pois sua solução nos encaminhou à
descoberta de uma lei geral que igualmente se aplica ao nosso mundo corpóreo.
Numerosos fatos vieram complicar o assunto e demonstrar a insuficiência das
teorias aventadas.
Até certo ponto seria admissível a existência
do traje porque se pode considerá-lo como de alguma maneira fazendo parte do
indivíduo. Já não se dá o mesmo, porém, com os objetos acessórios. Como a
tabaqueira do visitante da senhora doente de que tratamos no nº 117. Notemos
que naquele caso não se tratava de um morto, mas de um vivo, e que o visitante
ao voltar em pessoa tinha uma tabaqueira inteiramente igual. Onde, pois, o seu
Espírito encontrara a que usava ao pé do leito da senhora doente? Poderíamos
citar numerosos casos em que Espíritos de mortos ou de vivos aparecem com
diversos objetos, como bengalas, armas, cachimbos, lanternas, livros,etc.
Tivemos então a idéia de que os
corpos inertes poderiam possuir correspondência etéreos no mundo invisível, que
a matéria condensada que forma os objetos poderia ter uma parte quintessenciada
inacessível aos nossos sentidos.(1) Essa
doutrina não era destituída de verossimilhança, mas não podia explicar todos os
fatos. Havia um, sobretudo, que parecia desafiar todas as interpretações. Até
então se tratava apenas de imagens ou aparências, e já vimos que o perispírito
pode adquirir as propriedades da matéria e tornar-se tangível. Mas essa
tangibilidade é passageira e os corpos sólidos se desvanecem como sombras.
Não há dúvida de que se trata de
fenômeno extraordinário, mas o que o ultrapassa é a produção de matéria sólida
persistente, provada por numerosos fatos autênticos, notadamente os de escrita
direta de que tratemos com minúcias em capítulo especial. Entretanto, como
esses fenômenos se ligam intimamente ao assunto em causa, representando uma das
suas manifestações mais positivas, anteciparemos a ordem em que deviam
aparecer.
127. A escrita direta ou
pneumatografia é a que se produz espontaneamente, sem o concurso das mãos do
médium nem do lápis.(2) Basta
tomar folha de papel em branco, o que se pode fazer com todas as precauções
necessárias para se prevenir qualquer fraude, dobrá-la e depositá-la em algum
lugar, numa gaveta ou sobre um móvel. Se houver condições, dentro de algum
tempo aparecerão traçados no papel letras os sinais diversos, palavras, frases
e até mesmo comunicações. Na maioria das vezes com uma substância escura,
semelhante à grafita, e de outras com lápis vermelho, tinta comum e mesmo tinta
de impressão.
Eis o fato em toda a sua simplicidade
e cuja reprodução, embora pouco comum, não é tão rara, pois há pessoas que a
conseguem com muita facilidade. Pondo-se um lápis junto com o papel, poder-se-ia
crer que o Espírito o utilizou, mas se o papel estiver só é evidente que a
escrita foi produzida por matéria nele depositada. De onde o Espírito tomou
essa matéria? Essa a questão a cuja solução fomos levados pela tabaqueira a que
há pouco no referimos.
128. Foi o Espírito São Luís que nos
deu a solução com as seguintes respostas:
1. Citamos um caso de aparição do
Espírito de pessoa viva. Esse Espírito tinha uma tabaqueira e tomava pitadas.
Experimentava ele a sensação que experimentamos no caso?
— Não.
2. A tabaqueira tinha a mesma forma
da que ele usava habitualmente e que estava em sua casa. O que era essa
tabaqueira nas mãos desse homem?
— Uma aparência. Era para ser notada,
como foi, e para que a aparição não fosse tomada por alucinação produzida pelo
estado de saúde da vidente. O Espírito queria que a senhora acreditasse na
realidade da sua presença e tomou todas as aparências da realidade.
3. Disseste que era uma aparência,
mas uma aparência nada tem de real, é como uma ilusão de óptica. Queremos saber
se essa tabaqueira era uma imagem irreal ou se havia nela algo de material.
— Certamente. É com a ajuda desse
princípio material que o Espírito aparenta vestir-se com roupas semelhantes às
que usava quando vivo.
Nota de Kardec: É evidente
que devemos entender a palavra aparência no seu sentido de aspecto, de
imitação. A tabaqueira real não estava com o Espírito. A que ele segurava era
apenas a sua representação. Era, pois, uma aparência, em relação ao
original,embora constituída por um princípio material.
A experiência nos ensina que não
devemos tomar sempre ao pé da letra as expressões usadas pelos Espíritos.
Interpretando-as segundo as nossas idéias, expondo-nos a grandes decepções. É
por isso que precisamos aprofundar o sentido de suas palavras quando apresenta
a menor ambigüidade. Essa recomendação os próprios Espíritos nos fazem
constantemente. Sem a explicação que provocamos, a palavra aparência, sempre
repetida nos casos semelhantes, poderia ser falsamente interpretada.(3)
4. Seria um desdobramento da matéria
inerte? Haveria no mundo invisível uma matéria essencial que revestiria as
formas dos objetos que vemos? Numa palavra, esses objetos teriam o seu duplo
etéreo no mundo invisível, como os homens são ali representados pelos Espíritos?
— Não é assim que isso se dá.O
Espírito dispõe sobre os elementos materiais dispersos por todo o espaço da
vossa atmosfera, de um poder que estais longe de suspeitar. Ele pode concentrar
esses elementos pela sua vontade e dar-lhe a forma aparente que convenha às
suas intenções.
Nota de Kardec: Essa
pergunta, como se vê, era a tradução do nosso pensamento, da idéia que havíamos
formado sobre a natureza desses objetos. Se as respostas fossem, como pretendem
alguns, o reflexo do pensamento do interpelante, teríamos obtido a confirmação
da nossa teoria, em vez da teoria contrária.
5. Coloco de novo a questão de
maneira categórica, a fim de evitar qualquer equívoco: as roupas dos espíritos
são alguma coisa?
— Parece-me que a resposta precedente
resolve a questão. Não sabes que o próprio perispírito é alguma coisa?
6. Resulta desta explicação que os
Espíritos submetem a matéria etérea às transformações que desejam. Assim, por
exemplo, no caso da tabaqueira o Espírito não a encontrou feita, mas ele mesmo
a produziu, quando dela necessitou, por um ato da sua vontade, e da mesma
maneira a desfez. É isso mesmo que se dá com todos os outros objetos, como as
roupas, as jóias, etc…?
— Mas é evidente.
7. Essa tabaqueira foi vista pela
senhora como se fosse real. O Espírito poderia torná-la tangível para ela?
— Poderia.
8. Se fosse o caso, a senhora poderia
pegá-la, acreditando ter nas mãos uma tabaqueira real?
— Sim.
9. Se ela abrisse, provavelmente
encontraria tabaco, e se o tomasse espirraria?
— Sim.
10. Então o Espírito pode dar não
somente a forma do objeto, mas também as suas propriedades especiais?
— Se o quiser. Foi em virtude desse
princípio que respondi afirmativamente às perguntas anteriores. Terás provas da
ação poderosa que o Espírito exerce sobre a matéria e que estás longe de supor,
como já disse.
11. Suponhamos que ele quisesse fazer
uma substância venenosa e que uma pessoa a tomasse. Ficaria envenenada?
— O Espírito poderia fazê-la, mas não
a faria porque isso não lhe é permitido.
12. Poderia fazer uma substância
salutar, apropriada à cura de uma doença, e isso já aconteceu?
— Sim, muitas
vezes.
13. Poderia então, da mesma maneira,
fazer uma substância alimentar? Suponhamos que fizesse uma fruta ou uma iguaria
qualquer. Alguém poderia comê-la e sentir-se saciado?
— Sim, sim. Mas não procures tanto
para achar o que é tão fácil de compreender. Basta um raio de sol para tornar
perceptíveis aos vossos órgãos grosseiros as partículas materiais que enchem o
espaço no meio do qual vives. Não sabes que o ar contém vapor dágua?
Condensa-os e voltarão ao estado normal. Priva-os de calor e verás que essas
moléculas impalpáveis e invisíveis se transportam num corpo sólido e bem
sólido. Assim muitas outras substâncias de que os químicos ainda tirarão
maravilhas mais espontâneas. Mas acontece que o Espírito possui instrumentos
mais perfeitos que os vossos: à vontade e a permissão de Deus.
Nota de Kardec: A questão da
saciedade é neste caso muito importante. Como uma substância que só tem
existência e propriedades temporárias e de certa maneira convencionais pode
produzir a saciedade? Essa substância, em seu contato com o estômago, produz a
sensação da saciedade, mas não a saciedade propriamente dita que resulta da
plenitude. Se essa substância pode agir na economia orgânica e modificar um
estado mórbido, pode também agir sobre o estômago e provocar uma sensação de
saciedade. Mas pedimos aos senhores farmacêuticos e donos de restaurantes para
não se enciumarem nem pensarem que os Espíritos lhes venham fazer concorrência.
Esses casos são raros excepcionais e não dependem jamais da vontade de alguém,
pois do contrário todos se alimentariam e curariam de maneira vantajosa.
14. Os objetos que à vontade do
Espírito tornaram tangíveis poderiam permanecer nesse estado e ser usados?
— Isso poderia acontecer, mas isso
não se faz porque é contrário às leis.
15. Todos os Espíritos têm no mesmo
grau o poder de produzir, objetos tangíveis?
— O certo é que o Espírito, quanto
mais elevado, mais facilmente o consegue, mas isso também depende das circunstâncias:
os Espíritos inferiores podem ter esse poder.
16. O Espírito tem sempre consciência
da maneira pela qual produz as suas roupas ou dos objetos que tornam aparentes?
— Não. Muitas vezes
ajuda a formá-los por uma ação instintiva, que ele mesmo não compreende, se não
estiver suficientemente esclarecido para isso.
17. Se o Espírito pode tirar do
elemento universal os materiais para essas produções, dando a essas coisas uma
realidade temporária, com suas propriedades, pode também tirar o necessário
para escrever, o que nos daria a chave do fenômeno de escrita direta?
— Afinal, chegaste onde querias!
Nota de Kardec: Com efeito,
era a isso que desejamos chegar com todas as nossas perguntas preliminares. A
resposta prova que o Espírito terá o nosso pensamento.
18. Se a matéria de que o Espírito se
serve não tem persistência, como os traços da escrita direta não desaparecem?
— Não tires conclusões das palavras.
Para começar, eu não disse: jamais. Tratava-se de objeto material volumoso.
Nesse caso, são sinais escritos que é útil conservar e se conservam. O que eu
quis dizer é que os objetos assim compostos pelo Espírito não poderiam
tornar-se de uso, porque na realidade não possuem a mesma densidade material
dos vossos corpos sólidos.
129. A teoria acima pode ser
resumida. O Espírito age sobre a matéria; tira da matéria cósmica universal os
elementos necessários para formar, como quiser, objeto com a aparência dos
diversos corpos da Terra. Pode também operar, pela vontade, sobre a matéria
elementar, uma transformação íntima que lhe dê certas propriedades. Essa
faculdade é inerente à natureza do Espírito, que a exerce muitas vezes de
maneira instintiva e, portanto, sem o perceber, quando se faz necessário. Os
objetos formados pelo Espírito são de existência passageira, que depende da sua
vontade ou da necessidade: ele pode fazê-los e desfazê-los a seu bel-prazer.
Esses objetos podem, em certos casos, parecer para os vivos perfeitamente
reais, tornando-se momentaneamente visíveis e mesmo tangíveis. Trata-se de
formação e não de criação, pois o Espírito não pode tirar nada do nada.
130. A existência de uma matéria
elementar única é hoje quase geralmente admitida pela ciência e os Espíritos a
confirmam, como acabamos de ver. Essa matéria dá origem a todos os corpos da
Natureza. As suas transformações determinam as diversas propriedades dos
corpos. É assim que uma substância salutar pode tornar-se venenosa por uma
simples modificação. A Química nos oferece numerosos exemplos nesse sentido.
Todos sabem que duas substâncias
inofensivas, combinadas em certas proporções, podem resultar numa deletéria.
Uma parte de oxigênio e duas de hidrogênio,ambas inofensivas, formam a água.
Basta acrescentar um átomo de oxigênio e teremos um líquido corrosivo. Mesmo
sem alterar as proporções, muitas vezes é suficiente uma simples modificação na
forma de agregação molecular para mudar as propriedades. É assim que um corpo
opaco pode tornar-se transparente e vice-versa. Desde que o Espírito, através
apenas da sua vontade, pode agir tão decisivamente sobre a matéria elementar,
compreende-se que possa formar substâncias e até mesmo desnaturar as suas
propriedades, usando a própria vontade como reativo.(4)
131. Esta teoria nos dá a solução de
um problema do magnetismo, bem conhecido mas até hoje, inexplicado, que é o
fato da modificação das propriedades da água pela vontade. O Espírito agente é
o do magnetizador, na maioria das vezes assistido por um Espírito desencarnado.
Ele opera uma transmutação por meio do fluido magnético que, como já dissemos,é
a substância que mais se aproxima da matéria cósmica ou elemento universal. E
se ele pode produzir uma modificação nas propriedades da água, pode igualmente
fazê-lo no tocante aos fluidos orgânicos, do que resulta o efeito curativo da
ação magnética convenientemente dirigida.
Sabe-se o papel capital da vontade em
todos os fenômenos magnéticos. Mas como explicar a ação material de um agente
tão sutil? A vontade não é uma entidade, uma substância e nem mesmo uma
propriedade da matéria mais eterizada: é do atributo essencial do Espírito, ou
seja, do ser pensante. Com a ajuda dessa alavanca ele age sobre a matéria
elementar e em seguida reage sobre os seus componentes, com o que as
propriedades íntimas podem ser transformadas.
A vontade é atributo do Espírito
encarnado ou errante. Daí o poder do magnetizador,que sabemos estar na razão da
força da vontade. O Espírito encarnado pode agir sobre a matéria elementar e
portanto modificar as propriedades das coisas dentro de certos limites. Assim
se explica a faculdade de curar pelo contacto e a imposição das mãos,que
algumas pessoas possuem num elevado grau. (Ver no capítulo sobre os Médiuns o
tópico referente a médiuns curadores. Ver ainda na Revista Espírita, nº de
julho de 1859, os artigos. O Zuavo de Magenta e Um Oficial do Exército da
Itália).(5)
(1) Essa teoria do duplo etéreo das
coisas é verdadeira a tanto para o Espiritismo quanto para outras correntes
espiritualistas, mas não se aplica ao caso das aparições. A explicação dos
Espíritos revela mais uma vez a sua independência em relação às idéias
admitidas, mesmo tradicionalmente, em nossos sistemas. (N. do T.)
(2) Posteriormente admitiu-se a escrita
direta por meio de lápis e outros instrumentos, mas sem o uso das mãos. Ver as
experiências de Zolner com o médium Slade, em Provas Científicas da
Sobrevivência. (N. do T.)
(3) Esta observação de Kardec é de maior
importância para todos os que de dedicam ao Espiritismo prático. Os Espíritos
estão num mundo diferente do nosso e mesmo quando usam a nossa linguagem esta
nem sempre corresponde à nossa maneira de ver. Precisamos estar atentos ao que
dizem e provocam todos os esclarecimentos que nos parecem necessários. O
problema da linguagem dos Espíritos, já levantado por Kardec, requer estudos
aprofundados que ainda estão por ser feitos. (N. do T.)
(4) Todas estas questões estão sendo hoje
sancionadas pelo avanço das Ciências em seus vários ramos. O desenvolvimento da
Física nuclear ampliou as possibilidades acima referidas por Kardec. Hoje se
sabe que a matéria elementar é uma realidade e sua natureza não é atômica, mas
subatômica. O fluido universal dos Espíritos tão ridicularizado até a pouco, já
é admitido pela Ciência com outros nomes: o oceano de elétrons livres da teoria
de Dirac, os campos de força, o poder desconhecido que está por trás da
energia, segundo Arthur Compton e que parece ser pensamento, etc. Quando à ação
da vontade sobre a matéria a Medicina Psicossomática e a Parapsicologia se
incumbiram de prová-la, mesmo nos encarnados. (N. do T.)
(5)Os estudos de Hipnotismo científico definiram a
hipnose como simples sugestão, relegando ao passado o problema da ação
fluídica, considerada como superstição. Mas o magnetismo é elemento
natural, cujas manifestações e aplicações não se limitam ao tipo de hipnose
clínica. Nesta, ele se manifesta em função autógena, mas a maioria de suas
manifestações é exógena. A modificação das propriedades da água pode ocorrer
como simples sugestão, limitada ao paciente, mas há também fenômenos materiais
de alteração dessas propriedades, perspectivas por todos. No primeiro caso não
houve modificação alguma na água,mas apenas na percepção do paciente. No
segundo,as modificações são reais. Os casos dessa natureza ocorrem facilmente
com médiuns de efeitos físicos. Atualmente os parapsicólogos procuram explicar
esses fenômenos como ação de mente a matéria, com a denominação
técnica de psicocinesia. Também neste campo a tese espírita permanece e a
Ciência vai aos poucos se reaproximando dela. René Sudre antiespírita
irredutível, ainda recentemente, no seu “Tratado de Psicologia”,anota o
seguinte: A descoberta dos elétrons materiais leva-nos mais ou menos a teoria
newtoniana da emissão. Eis,pois, que o fluido reaparece no próprio coração da
Física contemporânea. (N. do T.)
terça-feira, 30 de dezembro de 2014
QUE DEUS VOCÊ QUER?
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Que Deus você quer?
Por Paulo Roberto Gaefke - 30-12-2015
Queremos Deus, mas não da maneira
como Deus nos quer!
Queremos Deus a nossa maneira,
realizando sonhos humanos.
Removendo barreiras que nós mesmos
criamos.
Curando feridas de nossas batalhas
mal resolvidas.
Queremos um Deus milagroso, e por
vezes milagreiro.
Queremos o Deus do Amor, o que tem
palavras doces,
que nos guie em nossos passos
indecisos.
Mas não queremos Deus que repreende,
que ensina.
Como o pai que tem que deixar de
castigo o filho teimoso.
Ah! e como somos teimosos!!!
Quantas vezes te disseram não vá por
ali,
e você foi por onde?
Exatamente por ali.
Exatamente por ali.
E quantas vezes te pediram para mudar
algo em você?
E quantas vezes você disse que que
não vai mudar?
"Quem quiser gostar de mim vai ter que gostar assim!"
"Quem quiser gostar de mim vai ter que gostar assim!"
Queremos Deus sim, mas Deus que
conserta sem fazer remendos.
Queremos Deus que faça omeletes sem
quebrar ovos.
Sem nos dobrarmos, sem aprendermos com
a dor.
Sem remorsos por ter feito coisas
erradas.
Queremos Deus Pai amoroso,
sem lembrar que pais amorosos dão
vacinas dolorosas em seus filhos.
Sem lembrar que pais amorosos
precisam repreender para ensinar.
Que Deus você quer?
Use seu tempo livre para
meditar
e se quiser aceitar Deus como Verdade
e Vida,
deixe-se dobrar, se quebrar para
recomeçar.
Para seguir com Deus, não sendo
carregado por Ele.
Este é o sentido da Vida: aprender a
andar, caminhar,
aprender a respeitar, passar pela
dor,
para finalmente descobrir que Deus é
Amor.
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Paulo Roberto Gaefke
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