O
romance de Alfredo e O CALUNIADOR
CAP.XVII
DO LIVRO OS MENSAGEIROS
CHICO
XAVIER/ANDRÉ LUIS
COM ESTA POSTAGEM SÓ PRETENDO LEMBRAR QUE AS APARÊNCIAS ENGANAM E QUE TODA HISTÓRIA TEM DOIS LADOS.SEJAMOS PRUDENTES.
Depois de alguns
minutos, utilizados por nós no serviço da
higiene
reconfortadora, Alfredo convidou-nos à mesa, onde Ismália,
com extrema
fidalguia, mandou servir frutos diversos.
Os senhores do
castelo não podiam ser mais gentis.
Servidores iam e
vinham, com grande júbilo a lhes transparecer
do rosto.
A palestra de Alfredo
e as observações de Ismália estavam
cheias de notas
interessantes e educativas.
– E qual a sua
impressão dos serviços em geral? – perguntou
Aniceto, atencioso, dirigindo-se
ao dono da casa.
– Excelente, quanto
às oportunidades de realização que nos
oferecem – respondeu
Alfredo em tom significativo –; entretanto,
não tenho o mesmo
parecer quanto à situação em curso. As zonas
a que servimos estão
repletas de novidades dolorosas. O presente
período humano é de
conflitos devastadores e as vibrações contraditórias
que nos atingem são
de molde a enfraquecer qualquer
ânimo menos decidido.
Desencarnados e encarnados empenham-se
em batalhas
destruidoras. É uma lástima.
– Multiplica-se o
número de necessitados que recorrem ao
Posto? – continuou
indagando nosso orientador.
– Enormemente. Nossa
produção de alimentos e remédios
tem sido
integralmente absorvida pelos famintos e doentes. Tenho
quinhentos
cooperadores, mas nos sentimos presentemente incapazes
de atender a todas as
obrigações. As massas de sofredores
são incontáveis.
Noutro tempo, nossa paisagem se mantinha sem
sombras, durante
muitas semanas, mas...
Nesse instante,
Ismália pediu licença para dirigir-se ao interior.
E como Alfredo
fixasse os olhos nos meus, aventurei-me a
considerar:
– Ainda bem que
tendes uma abnegada companheira ao vosso
lado.
Ele e Aniceto
sorriram, quase a uni só tempo, falando-nos o
administrador:
– Ah! meus amigos,
por enquanto, não tenho essa felicidade
em caráter
definitivo. Minha esposa e eu temos o divino compromisso
da união eterna, mas
ainda não lhe mereço a presença contínua.
Ela é a bondade
celeste, e eu, a realidade humana.
Depois de pequena
pausa, prosseguiu com gentileza:
– “Aniceto
conhece-nos a história. Vocês, porém, a ignoram.
Sentir-me-ei,
portanto, contente, em relatar algumas lembranças,
com benefício duplo.
Aliviarei o coração, uma vez mais, contando
minhas faltas, e
vocês dois, que talvez tenham em breve novos
serviços na Terra,
aproveitarão, por certo, alguma coisa das minhas
experiências.
“Ismália e eu
guardávamos um escrínio de felicidade no
mundo; no entanto, os
salteadores perversos espreitavam-nos a
ventura. Minha
responsabilidade era enorme no campo dos negócios
materiais e, longe de
compreender as obrigações sublimes de
esposo e pai, não
procurava atender aos deveres justos para com o
lar e os dois
filhinhos que Deus me enviara ao círculo doméstico.
Ismália, porém, era a
providência de nossa casa. Esqueci-me,
contudo, de que a
virtude, a qualquer tempo, será atormentada
pelo vicio e minha
nobre companheira foi vítima da maldade de
um amigo desleal, com
quem tinha eu inúmeros interesses em
comum, no campo
monetário. Minha esposa sofreu, em silêncio, a
perseguição dele por
alguns anos consecutivos. E quando meu
desventurado sócio
verificou a inutilidade da atitude criminosa,
em franco desespero
buscou envenenar-me o espírito desprevenido.
Começou por
advertir-me, quanto ao procedimento dela.
Atordoou-me,
envolvendo-a em acusações descabidas. Subornou
criados domésticos e
colocou espiões que seguissem minha querida
Ismália, nas tarefas
de esposa e mãe.
“Esse homem exercia
profunda influência sobre mim e, atendendo
aos laços que nos
uniam, minha companheira jamais se
sentiu com bastante
coragem para denunciá-lo. Enquanto dava
ouvidos à calúnia,
fora de meu círculo doméstico, tornara-me
intolerável dentro
dele. Não sabia contemplar minha esposa com a
despreocupação e a
confiança absoluta de outra época. Via o mal
nos seus mínimos
gestos e queria descobrir segundas intenções
nas suas frases mais
inocentes. Cheguei a acusá-la, veladamente.
Ismália chorou e
calou-se. Por fim, nosso infeliz perseguidor
subornou um homem de
baixa condição que permaneceu, certa
noite, ao lado de
nossos aposentos particulares como vulgar ladrão,
às ocultas, sendo eu
convocado à prova máxima. Penetrei no
quarto em extremo
desespero e acusei em voz alta ao ver a companheira
profundamente tranquila.
Ismália levantou-se, receosa da
minha saúde mental,
mas não lhe atendi os rogos, procurando,
como louco, o
conspurcador da minha honra... Abri violentamente
grande armário
antigo, vasculhando o quarto. Nesse instante, o
vulto de um homem
esgueirou-se na sombra, do aposento próximo,
e, antes que eu
pudesse agarrá-lo no meu ódio infrene, saltou
a janela, alcançando
o pomar de nossa casa. Corri, desesperado,
detonando balas a
esmo, mas, nada consegui. Regressei ao quarto
e, para cúmulo da
calúnia odiosa, o desconhecido deixara, atrás de
si, um chapéu novo,
rigorosamente moderno, para que se acentuassem
meus sentimentos
terríveis. Olhos congestos, vomitando
insultos, quis
eliminar Ismália, banhada em lágrimas a meus pés;
no entanto, alguma
coisa, que nunca pude compreender na Terra,
paralisou-me o braço
quase homicida. Vociferando blasfêmias,
surdo aos rogos dela,
afastei-me do lar, tomado de horror.
“No dia imediato, fiz valer meu direito
exclusivo sobre os filhos
e providenciei para
que Ismália, convertida em estátua de
dor, fosse restituída
à fazenda paterna. Contratei uma governanta
para os meninos e,
logo após, tomei um paquete para a Europa,
onde me demorei mais
de três anos. Nunca me propus a verificações
sérias e, embora
tivesse o espírito incessantemente atormentado,
humilhei os
sentimentos mais íntimos, jamais procurando
notícias da companheira
caluniada.
“Certo dia, recebi
uma carta lacônica na costa francesa. Um
parente dava-me
informações da esposa. Após dois anos angustiosos,
entre a saudade e o
abandono, Ismália fora colhida pela tuberculose,
falecendo em terrível
martirológio moral. Deliberei,
então, a volta.
Fixei-me novamente no Rio, eduquei os filhinhos e
conservei a dolorosa
viuvez no desencanto do coração.
“Os anos rolaram uns
sobre os outros, quando fui chamado à
cabeceira do ex-sócio
agonizante. O infeliz, em face da morte,
confessou o crime
odioso, pedindo um perdão que, infelizmente,
não pude conceder.
Transformei-me, desde então, num louco
irremediável.
Cansado, envelhecido, procurei a propriedade rural
dos sogros, tentando
reparar, de alguma sorte, a injustiça, mas a
morte não me deu
ensejo e voltei para a esfera dos desencarnados,
em tristes condições
espirituais.”
Nesse instante, fez
uma pausa, para continuar comovido:
– Não preciso dizer
que recebi de Ismália todo o amparo de
que necessitava.
Todavia, infelizmente para mim, estávamos
separados. Não mereci
a bênção da união sublime. Ismália segue-me
de perto, mas tem
residência num plano superior, que devo
esforçar-me por
alcançar. Desde muito, dediquei-me aos serviços
do nosso Posto de
Socorro, consagrei-me aos ignorantes e sofredores,
e minha santa Ismália
vem até aqui, mensalmente, incentivar-
me o bom ânimo e
amparar-me nas lutas.
– Mas não poderia ela
transferir-se definitivamente para aqui?
– indagou Vicente,
tão impressionado quanto eu, com o romance
comovedor.
Alfredo sorriu e
falou:
– Sei que Ismália tem
trabalhado para isso, que seu ideal de
união eterna é
idêntico ao meu, atendendo à circunstância de estar
o superior sempre em
posição de dar ao inferior; mas não ignoro
que foi advertida por
nossos maiores, sobre as minhas atuais
necessidades de
esforço e solidão. Preciso conhecer o preço da
felicidade, para não
menosprezar, de novo, as bênçãos de Deus.
Minha esposa deseja
descer para encontrar-se definitivamente
comigo; entretanto, é
necessário que eu aprenda a subir e, por este
motivo, ainda não
recebemos a devida permissão para o definitivo
consórcio espiritual.
Observando-nos a
emoção, concluiu:
– Estou resgatando
crimes de precipitação. Pela impulsividade
delituosa, perdi
minha paz, meu lar e minha devotada companheira.
Conforme ouviram, não
matei nem roubei a ninguém, mas
envenenei-me a mim
próprio. A calúnia é um monstro invisível,
que ataca o homem
através dos ouvidos invigilantes e dos olhos
desprevenidos.
NA PRÓXIMA SEMANA PUBLICAREI O CAPÍTULO--O CALUNIADOR--- E SUA SITUAÇÃO NO MUNDO ESPIRITUAL....
ResponderExcluirZilda comentar o amado André Luís e o seu grande parceiro na Terra Chico Xavier? Meu anjo eles sempre nos passaram lições preciosíssimas, existe casos assim acontecendo todos os dias infelizmente, hoje mesmo tentei convencer um rapaz cuja namorada está grávida que ela não havia postado o que haviam dito a ele no face, ele não acreditou nela e terminou tudo, dizendo que vai cuidar do filho que vai nascer de longe, nossa a moça chorava tanto, era inocente e ele não acreditou, por que quem a caluniou foi uma amiga de infancia dele, tentei conversar com ele, mostrar que não havia provas lembrar do nene que está a caminho e da situação difícil que ela se encontra perante a família, mas ele se diz magoado e injustiçado e que não vai arriscar ficando com alguém que deixou de confiar. Como seria bom se ele lesse, eu fiquei e estou muito triste por ela, mas a abraçaremos e embalaremos e ele colocaremos nas mãos de Jesus. É amiga caiu como uma luva para o que vivi hoje, voltarei sempre, manda pelo google anunciando que postou que me dará imenso prazer, beijos Luconi
ResponderExcluirBom dia Caríssima Zilda Santiago. Um texto que eu chamo de " vassourinha", e adoro conteúdos assim, pois nos varre por dentro, nos limpa. Fico condoído ao ver pessoas que sabem de cor livros sacros, mas estão adormecidos espiritualmente, e não aprofundam em estudos espíritas, são mentes fechadas em dogmas milenares. Você sabe, leio muito sobre Kardecismo e todas as religiões, e como todo conhecimento humano sempre há novas descobertas; no campo religioso isto foi travado, proibido, perseguido a quem ousava praticar outros ensinamentos, Kardec abriu uma grande cortina para a humanidade. A maioria cuida do corpo, da beleza externa, mas se esquecem de cuidar do espírito, do que falam, do que pensam, e tudo que pensamos se torna realidade, se materializa; é energia. E a calúnia é muito mais devastadora do que imaginamos, condenamos à revelia um inocente com simples palavras ofensivas. Temos que ser muito cuidadosos e vigilantes no que falamos e pensamos ou fazemos.
ResponderExcluirUm grande abraço
Nos proporcionam belas descobertas.
ResponderExcluirBeijo Lisette.
Olá, querida Zilda
ResponderExcluirCaluniar é jogar a semente em nosso coração do mal... ela vai crescer e nos prejudicar muito...
Bjm fraterno e quaresmal
Ismália, espírito de uma nobreza indescritível, se propõe a auxiliar seu companheiro, Alfredo, a progredir espiritualmente. Grande exemplo! Esse livro é maravilhoso! Muita paz!
ResponderExcluirOla sou nova blogueira e vim fazer uma visitinha no seu blog e amei já estou te seguindo se puder me retribuir ficarei muito feliz bjos http://dicasdamy14.blogspot.com.br/
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