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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Introdução de O Livro dos Espíritos (3ªparte da postagem)


   Introdução de O Livro dos Espíritos (3ª parte da postagem) 
                                                      
                                                          
                                                                   V
                                                              
Reconheceu -se mais tarde que a cesta e a prancheta não eram, realmente, mais do
que um apêndice da mão; e o médium, tomando diretamente do lápis, se pôs a escrever por
um impulso involuntário e quase febril. Dessa maneira, as comunicações se tornaram mais
rápidas, mais fáceis e mais completas. Hoje é esse o meio geralmente empregado e com
tanto mais razão quanto o número das pessoas dotadas dessa aptidão é muito considerável e
cresce todos os dias. Finalmente, a experiência deu a conhecer muitas outras variedades da
faculdade mediadora, vindo-se a saber que as comunicações podiam igualmente ser
transmitidas pela palavra, pela audição, pela visão, pelo tato, etc., e até pela escrita direta
dos Espíritos, isto é, sem o concurso da mão do médium, nem do lápis.
Obtido o fato, restava comprovar um ponto essencial - o papel do médium nas
respostas e a parte que, mecânica e moralmente, pode ter nelas. Duas circunstâncias
capitais, que não escapariam a um observador atento, tornam possível resolver-se a questão.
A primeira consiste no modo por que a cesta se move sob a influência do médium, apenas
lhe impondo este os dedos sobre os bordos. O exame do fato demonstra a impossibilidade
de o médium imprimir uma direção qualquer ao movimento daquele objeto. Essa
impossibilidade se patenteia, sobretudo, quando duas ou três pessoas colocam juntamente
as mãos sobre a cesta. Fora preciso entre elas uma concordância verdadeiramente fenomenal de movimentos. Fora preciso,
demais, a concordância dos pensamentos, para que pudessem estar de acordo quanto à
resposta a dar à questão formulada. Outro fato, não menos singular, ainda vem aumentar a
dificuldade. É a mudança radical da caligrafia, conforme o Espírito que se manifesta,
reproduzindo-se a de um determinado Espírito todas as vezes que ele volta a escrever. Fora
necessário, pois que o médium se houvesse exercitado em dar à sua própria caligrafia vinte
formas diferentes e, principalmente, que pudesse lembrar-se da que corresponde a tal ou tal
Espírito.
A segunda circunstância resulta da natureza mesma das respostas que, as mais das
vezes, especialmente quando se ventilam questões abstratas e científicas, estão
notoriamente fora do campo dos conhecimentos e, amiúde, do alcance intelectual do
médium, que, além disso, como de ordinário sucede, não tem consciência do que se escreve
debaixo da sua influência; que, frequentemente, não entende ou não compreende a questão
proposta, pois que esta o pode ser num idioma que ele desconheça, ou mesmo mentalmente,
podendo a resposta ser dada nesse idioma. Enfim, acontece muito escrever a cesta
espontaneamente, sem que se haja feito pergunta alguma, sobre um assunto qualquer,
inteiramente inesperado.
Em certos casos, as respostas revelam tal cunho de sabedoria, de profundeza e de
oportunidade; exprimem pensamentos tão elevados, tão sublimes, que não podem emanar
senão de uma Inteligência superior, impregnada da mais pura moralidade. Doutras vezes,
são tão levianas, tão frívolas, tão triviais, que a razão recusa admitir derivem da mesma
fonte. Tal diversidade de linguagem não se pode explicar senão pela diversidade das
Inteligências que se manifestam. E essas Inteligências estão na Humanidade ou fora da
Humanidade? Este o ponto a esclarecer-se e cuja explicação se encontrará completa nesta
obra, como a deram os próprios Espíritos.
Eis, pois, efeitos patentes, que se produzem fora do círculo habitual das nossas
observações; que não ocorrem misteriosamente, mas, ao contrário, à luz meridiana, que
toda gente pode ver e comprovar; que não constituem privilégio de um único indivíduo e
que milhares de pessoas repetem todos os dias. Esses efeitos têm necessariamente uma
causa e, do momento que denotam a ação de uma inteligência e de uma vontade, saem do
domínio puramente físico. Muitas teorias foram engendradas a este respeito. Examiná-las-emos dentro em pouco e
veremos se são capazes de oferecer a explicação de todos os fatos que se observam.
Admitamos, enquanto não chegamos até lá, a existência de seres distintos dos humanos,
pois que esta é a explicação ministrada pelas Inteligências que se manifestam, e vejamos o
que eles nos dizem.
                                         VI
Conforme notamos acima, os próprios seres que se comunicam se designam a si
mesmos pelo nome de Espíritos ou Gênios, declarando, alguns, pelo menos, terem
pertencido a homens que viveram na Terra. Eles compõem o mundo espiritual, como nós
constituímos o mundo corporal durante a vida terrena.
Vamos resumir, em poucas palavras, os pontos principais da doutrina que nos
transmitiram, a fim de mais facilmente respondermos a certas objeções.
“Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.
“Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e
“imateriais.
“Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o
“mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.
“O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente
a “tudo.
“O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais
“existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.
“Os Espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja
“destruição pela morte lhes restitui a liberdade.
“Entre as diferentes espécies de seres corpóreo, Deus escolheu a espécie humana
“para a encarnação dos Espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe
“superioridade moral e intelectual sobre as outras.
“A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório

“Há no homem três coisas: 1°, o corpo ou ser material análogo aos animais e
“animado pelo mesmo princípio vital; 2°, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no
“corpo; 3°, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o
“Espírito.

“Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos
“instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.
“O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório
“semimaterial.

 A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o
“segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém
que “pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno
das “aparições.
“O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo
“pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela
“vista, pelo ouvido e pelo tato.
“Os Espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem
em “inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira ordem são os Espíritos
“superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua
“proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os
anjos “ou puros Espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa
“perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria eivados das nossas
“paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. Comprazem-se no mal. Há também,
entre “os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito mais, antes perturbadores e
“enredadores, do que perversos. A malícia e as inconseqüências parecem ser o que neles
“predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos.
“Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram
“passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Esta melhora se efetua por meio da
“encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é
“uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a absoluta
“perfeição moral.
“Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar
“por nova existência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o
qual “permanece em estado de Espírito errante. (1)
_________
(1) Há entre esta doutrina da reencarnação e a da metempsicose, como a admitem certas seitas,
uma diferença característica, que é explicada no curso da presente obra.


“Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que todos nós temos tido
“muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na
Terra, “quer em outros mundos.
“A encarnação dos Espíritos se dá sempre na espécie humana; seria erro acreditar-se
“que a alma ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal.
“As diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca
“regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à
“perfeição.
“As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o
“homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito
“impuro.
“A alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se
“haver separado do corpo.
“Na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra ela todos aqueles que conhecera na
“Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a
lembrança “de todo bem e de todo mal que fez.
“O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria; o homem que vence esta
“influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em
cuja “companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe
todas as “suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos
impuros, “dando preponderância à sua natureza animal.
“Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.
“Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita;
“estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo.
“É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.
“Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o
mundo “físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das
potências da “Natureza, causa eficiente de uma multidão de fenômenos até então
inexplicados ou mal “explicados e que não encontram explicação racional senão no
Espiritismo.
“As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos
“atraem para o bem, nos sustentam nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com “coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos e
“assemelhar-nos a eles.
“As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As
“ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia.
“Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se
“dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre
“pelos médiuns que lhes servem de instrumentos.
“Os Espíritos se manifestam espontaneamente ou mediante evocação.
“Podem evocar-se todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros, como os
“das personagens mais ilustres, seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos
“parentes, amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou verbais,
“conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no Além, sobre o que
“pensam a nosso respeito, assim como as revelações que lhes sejam permitidas fazer-nos.
“Os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza moral do
“meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde
“predominam o amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõem, de se
“instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que,
inversamente, “encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade entre pessoas
frívolas ou “impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos.
Longe de se “obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar
futilidades, “mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois que muitas vezes
tomam nomes “venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.
“Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos
superiores “usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta
moralidade, “escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece
dos “conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da Humanidade. A
dos “Espíritos inferiores, ao contrário, é inconseqüente, amiúde trivial e até grosseira. Se,
por “vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e
absurdos, “por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem à
custa dos “que os interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com
falazes “esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na “mais ampla acepção do termo, só são dadas nos centros sérios, onde intima comunhão de
“pensamentos, tendo em vista o bem.
“A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima
“evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o
“bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder,
“mesmo para as suas menores ações.
“Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos
“aproximam da natureza animal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste
mundo, “se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo,
se “avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as
“faculdades e os meios que Deus lhe pôs nas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o
“Poderoso devem amparo e proteção ao Fraco, porquanto transgride a Lei de Deus aquele
“que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no
“mundo dos Espíritos, nada podendo estar oculto, o hipócrita será desmascarado e
“patenteadas todas as suas torpezas, que a presença inevitável, e de todos os instantes,
“daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos
estão “reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos
correspondem “penas e gozos desconhecidos na Terra.
“Mas, ensinam também não haver faltas irremissíveis, que a expiação não possa
“apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe
permitem “avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda do progresso,
para a “perfeição, que é o seu destino final.”
Este o resumo da Doutrina Espírita, como resulta dos ensinamentos dados pelos
Espíritos superiores. Vejamos agora as objeções que se lhe contrapõem...
                                             CONTINUA...


Um comentário:

  1. Oi amiga,

    Passei aqui especialmente para desejar-lhe um lindo fim de semana, cheio de bons fluídos.
    Com carinho, Ramana

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